Rev. Bras. Ciênc. Solo.2009;33(2):405-16.
Gênese do horizonte sômbrico em argissolos vermelhos do sul de Santa Catarina
01/abr/2009
DOI: 10.1590/S0100-06832009000200018
Horizontes subsuperficiais escuros, similares ao sômbrico da Soil Taxonomy (EUA), são frequentes em solos do Sul do Brasil. A gênese desse horizonte, entretanto, é controvertida, havendo poucos estudos sobre o tema. O presente trabalho objetivou descrever a ocorrência de horizontes com morfologia similar à do sômbrico em Argissolos do extremo sul de Santa Catarina, em condições de baixa altitude, bem como sugerir possíveis mecanismos responsáveis pela transferência, acumulação e permanência do húmus nesses horizontes. Foram descritos e amostrados três perfis de Argissolos Vermelhos numa topossequência e num perfil isolado, representativo dessa classe de solo, os quais foram avaliados quanto a vários atributos físicos, químicos e mineralógicos. Os horizontes subsuperficiais escuros coincidem com horizontes genéticos AB e, ou, BA, são ácidos e pobres em bases e têm mineralogia da fração argila similar à dos horizontes sub e sobrejacentes. Os valores máximos de Fe e Al extraídos com oxalato de amônio e com pirofostato de sódio ocorreram nesses horizontes transicionais escuros, assim como o teor de Al extraído com solução de CuCl2, indicando possível migração destes elementos na forma de compostos organometálicos. Os teores de Al + ½ Fe extraídos com oxalato de amônio nos horizontes sômbricos são compatíveis com os teores da definição de material espódico, embora o solo não apresente morfologia compatível com a dos solos da classe Espodossolo. Máximos valores de argila fina também foram constatados no horizonte sômbrico, sugerindo que o Fe e o Al possam ter migrado na forma de compostos argilo-húmicos. Entretanto, não pode ser desconsiderada a hipótese (que necessita de maiores investigações para sua comprovação) de que estes horizontes sômbricos sejam uma feição relíquia de uma paleovegetação graminosa diferente da atual floresta estacional densa.
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